O poder do hidrogênio verde: como essa fonte de energia pode revolucionar a próxima década

Com a escalada de eventos climáticos extremos, a necessidade de investimentos e pesquisa em tecnologias para produção de energia limpa está no foco de governos e empresas por todo o mundo. Especialistas apontam que o hidrogênio verde (H2V) será o “petróleo do futuro” e a busca por soluções operacionais e logísticas para sua produção e exportação pode colocar o Brasil no centro do debate.

Isso porque o País conta com uma matriz energética composta por 84% de fontes renováveis, requisito essencial para a produção de hidrogênio sem emissão de carbono. Entre os estados com maior potencial para desenvolvimento dessa tecnologia estão: Bahia, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Empresas nacionais e internacionais têm investido ou planejam investir quantias substanciais nesse tipo de projeto. É o caso da multinacional brasileira de fertilizantes Unigel, que anunciou a implantação de uma fábrica para produção de hidrogênio renovável no Polo Petroquímico de Camaçari. O projeto deve ter a primeira fase entregue no final de 2023, com a terceira prevista para 2027. Ao todo, deve ser investido cerca de $ 1,5 bilhão de dólares, o que equivale a cerca de R$ 7,6 bilhões. A projeção é de que a unidade possa estocar em amônia verde o equivalente a uma usina Angra 1.

Grandes investimentos nacionais e estrangeiros

A Alemanha se destaca entre os países atentos às oportunidades do Brasil como polo produtor e exportador de hidrogênio verde. É o caso da multinacional Tyssenkrupp, por exemplo, que fornecerá os equipamentos para a implantação da fábrica no Polo Petroquímico de Camaçari. A também alemã Siemens Energy vem participando de eventos, ações e pesquisas ligadas ao tema. Um dos empreendimentos – que será implantado no Polo Petroquímico de Camaçari – será realizado em parceria com uma empresa brasileira. A expectativa é de que nele seja produzido 1 milhão de toneladas anuais de H2V por meio de energia gerada em complexos híbridos (eólicos e solares) localizados na Bahia.

Outro polo importante para o desenvolvimento do setor será o Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. Segundo representantes, ao todo foram 24 MoUs (sigla para o termo Memorandum of Understanding, em inglês) assinados. Os investimentos devem chegar aos R$ 29 bilhões e serão realizados por oito empresas. O polo já possui um joint-venture (empreendimento conjunto) com o porto de Roterdã, nos Países Baixos.

O Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco também tem desenvolvido ações voltadas ao hidrogênio verde. Segundo declarações, ao todo, 13 empresas já manifestaram interesse, incluindo o grupo francês Qair, que planeja investir R$ 35,1 bilhões em uma fábrica.

Na região Sudeste, o porto do Açu, no Rio de Janeiro, também tem grandes projetos em energia limpa e renovável. Estão previstas fábricas voltadas à produção de hidrogênio verde, geração solar e geração eólica offshore, que atuariam em conjunto. Existem MoUs assinados com empresas de diversos países, como Noruega e França. Além disso, foi firmada uma parceria com a Shell Brasil para construção de uma fábrica-piloto de H2V até 2025.

Belo Horizonte deve receber a primeira fábrica de eletrolisadores de hidrogênio verde da América Latina. O empreendimento, que tem previsão de finalização para o início do próximo ano, teve aporte inicial de R$ 75 milhões. O projeto é uma parceria com outra empresa alemã.

Planejamento e pesquisa

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) tem promovido ações voltadas ao desenvolvimento do hidrogênio verde no Brasil. Em dezembro, a entidade lançou uma certificação nacional para assegurar que o produto vem de fontes de energia limpa ou com baixa geração de carbono. Em abril, a CCEE foi convidada pelo Banco Mundial para compor um grupo de trabalho voltado ao reconhecimento internacional do hidrogênio certificado. Além disso, fará parte de um Comitê Internacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (Cigre) ao lado de organizações de 11 países.

Importantes universidades brasileiras também estabeleceram parcerias para pesquisa e desenvolvimento voltados a H2V. É o caso do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica – Rio Grande do Sul), que, desde 2021, trabalha em um estudo sobre a produção de hidrogênio verde a partir da eletrólise da água e sua integração com tecnologias Power-to-X em ambientes em alto mar (offshore).

Em março de 2023, foi anunciada a criação do primeiro laboratório aberto voltado exclusivamente ao tema no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Outras pesquisas na área estão voltadas à utilização do biometano e etanol na produção do hidrogênio verde. Um projeto desenvolvido pela parceria entre a USP (Universidade de São Paulo), o Instituto SENAI e empresas privadas receberá investimento de R$ 50 milhões. O foco do estudo é a conversão de etanol em hidrogênio renovável.

Como funciona

No canal do YouTube da Exata Energia, disponibilizamos um material especial sobre hidrogênio verde produzido por nossos especialistas:

 

 

Fonte: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2023/04/28/hidrogenio-verde-desponta-como-o-combustivel-da-proxima-decada.ghtml

Contate um especialista

Política de Privacidade e Cookies

A Exata Energia usa cookies próprios e de terceiros para lhe oferecer a melhor experiência possível de acordo com suas preferências.
Se você continuar a navegação pelo site, consideramos que você aceita o seu uso. Consulte nossa Política de Cookies.