O panorama econômico global nos últimos dois anos tem sido desafiador. Com juros e inflação em alta – pressionados principalmente pelo preço das commodities em geral, houve aumento no valor dos insumos de projetos de geração de energia. O impacto na construção de novas usinas deve ser sentido a longo prazo, afirmam executivos do setor de geração de energia, que sinalizam valores mais elevados do megawatt-hora (MWh) nos próximos anos.
Representantes do segmento acreditam que os preços da energia proveniente dos novos empreendimentos já mudaram de patamar, acompanhando o aumento no capex dos projetos. “Nos próximos anos, os preços serão impactados pelo custo marginal de expansão”, disse um executivo. Segundo ele, a tendência no mercado é que os valores da energia de médio e longo prazo fiquem em torno de R$ 210 por MWh.
Uma alta nos custos em projetos de geração, em especial eólica e solar, deve começar a se refletir nos preços dos contratos de compra e venda de energia (PPA, na sigla em inglês). Acredita-se que o mercado deva se ajustar, uma vez que há dificuldade em viabilizar projetos nessas duas fontes com preços que não sejam “acima de R$ 200 por MWh”.
Em um dos players do mercado, a estimativa é de que o capex de projetos de geração tenha aumentado de 20% a 25% no início do ano em relação ao ano passado. Em sua análise, essa elevação, juntamente com um maior custo de dívida, acabou por dificultar o fechamento de novos contratos de compra e venda de energia de longo prazo. Um de seus diretores afirmou que, diante do cenário atual, as negociações envolvem principalmente contratos de autoprodução e PPAs em dólar. Em contratos de autoprodução, em que o cliente se torna proprietário de parte da usina e utiliza o correspondente a sua produção para consumo próprio, há benefícios como menores custos com encargos, reduzindo o valor final da energia.
“Temos visto realmente procura grande pela autoprodução, principalmente porque os encargos apresentam volatilidade grande. Vimos, ao final do ano passado e começo deste ano, encargos somando R$ 100, quase mais caros que a energia, e toda hora tem alguma volatilidade, algum ressarcimento, um encargo novo. Então clientes têm demonstrado interesse grande para se proteger de encargo e ter custo de energia mais competitivo”, declarou.
Segundo especialistas, não são previstos, no entanto, novos aumentos nos custos de projetos.